Imagens de satélite divulgadas pela empresa Planet Labs PBC revelam um aumento significativo na atividade militar da Rússia em áreas próximas à fronteira com a Finlândia. As estruturas identificadas incluem novos alojamentos, instalações para veículos blindados e movimentação aérea em pelo menos quatro bases militares russas, de acordo com a revista Newsweek.
Segundo o analista militar finlandês Emil Kastehelmi, os dados sugerem que os aliados devem se preparar para um cenário cada vez mais delicado “Se os russos seguirem seus planos atuais, pode haver dezenas de milhares de novos soldados perto das fronteiras de Noruega, Finlândia e dos países bálticos nos próximos anos”, afirmou.

O analista destacou as bases que mais chamaram atenção. Em Kamenka, a cerca de 65 quilômetros da fronteira finlandesa, foram erguidas mais de 130 tendas militares entre maio de 2022 e fevereiro de 2025. Em Petrozavodsk, a 180 quilômetros do território finlandês, foram construídos três galpões com capacidade para dezenas de veículos blindados, além de outras quatro estruturas ainda em construção.
Na base aérea de Severomorsk-2, atualmente fechada, as imagens indicam reformas e presença de helicópteros. Já em Olenya, fontes ucranianas afirmam que aviões de bombardeio estratégico russos decolam para ataques contra a Ucrânia.
Questionado, o governo finlandês optou pelo silêncio. “Não vamos comentar ou especular sobre observações operacionais”, disse um porta-voz das Forças de Defesa da Finlândia à Newsweek.
O chefe da Defesa da Suécia, Michael Claesson, declarou à emissora SVT que a movimentação russa cumpre ameaças feitas anteriormente por Moscou. “Quando solicitamos adesão à Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), a Rússia disse que tomaria medidas técnico-militares. Vejo uma conexão direta, é exatamente o que estão fazendo”, disse Claesson.
Apesar do crescimento da presença militar russa, Helsinki afirma estar preparada para o cenário. “O trabalho de desenvolvimento e preparação contínua está em andamento, o que reforça a dissuasão da Finlândia e de toda a ala nordeste da Otan”, afirmou Kastehelmi.
A origem da crise
A adesão da Finlândia à Otan incomoda bastante a Rússia, que praticamente viu dobrar o tamanho de sua fronteira com a aliança militar transatlântica. Os dois países compartilham uma linha divisória de cerca de 1.340 quilômetros, a mais longa entre os países da União Europeia (UE) com o território russo.
De acordo com o think tank Wilson Center, também incomoda o reforço militar fornecido pelas Forças Armadas finlandesas, que têm cerca de 280 mil soldados em tempos de guerra, bem como 900 mil cidadãos com algum tipo de treinamento militar.
“Em termos históricos, a Finlândia tem uma proporção de combatentes per capita equivalente à da antiga Esparta”, afirmou Jason C. Moyer, analista do Wilson Center, em um artigo tratando do tema publicado em abril de 2024, para lembrar a marca de um ano desde a adesão finlandesa à Otan.
Ainda de acordo com Moyer, a “decisão histórica de aderir à aliança reflete uma profunda preocupação com as ações agressivas da Rússia contra os seus vizinhos”. Ele, então, concluiu: “A Finlândia, juntamente com a Suécia, tem Forças Armadas extremamente capazes que resultam numa aliança mais segura e protegida.”
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