Premiê britânico fala em ‘experimento fracassado’ e promete endurecer a imigração

O primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, anunciou na segunda-feira (12) uma série de medidas que endurecem o acesso a vistos de trabalho, estudo e residência no Reino Unido. A proposta, que ainda precisa passar pelo Parlamento, marca uma guinada na política migratória do país e foi classificada pelo próprio premiê como o fim de um “capítulo sórdido” e de um “experimento fracassado de fronteiras abertas”. As informações são da rede NPR.

Starmer afirmou que o objetivo é “retomar o controle” e garantir coesão social, promover investimentos na força de trabalho local e evitar que o país se torne “uma ilha de estranhos”. “Os danos [da imigração] ao nosso país são incalculáveis”, escreveu o primeiro-ministro em um documento oficial sobre a nova política.

Entre as mudanças previstas, imigrantes e seus dependentes deverão comprovar maior proficiência em inglês para certos tipos de visto, e o tempo mínimo de permanência exigido para solicitar cidadania aumentará de cinco para dez anos. A medida também atinge empregadores, que terão mais restrições para contratar trabalhadores estrangeiros, sobretudo em ocupações de baixa qualificação.

O primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer (Foto: Number 10/Flickr)

A iniciativa surge poucos dias após o partido Reform UK, de extrema direita e liderado por Nigel Farage, aliado do presidente Donald Trump, ter avançado em eleições locais na Inglaterra. O crescimento da legenda anti-imigração acendeu o alerta no governo trabalhista, que agora adota um discurso mais rígido, criticado por grupos de defesa dos direitos dos migrantes.

“Linguagem vergonhosa como essa só alimenta o fogo da extrema direita e coloca em risco a vida de sobreviventes de guerra, tortura e escravidão moderna”, afirmou Steve Smith, diretor da ONG Care4Calais, em nota enviada à NPR. Ele pediu que Starmer se retrate, e até parlamentares de seu próprio partido, como Nadia Whittome, acusaram o premiê de adotar um discurso “alarmista” semelhante ao da ultradireita.

Segundo a diretora do Observatório das Migrações da Universidade de Oxford, Madeleine Sumption, as medidas buscam conter um aumento inesperado da imigração após o Brexit, quando um novo sistema mais liberal foi implementado. “Agora estão voltando a um sistema semelhante ao que havia para cidadãos de fora da União Europeia (UE) antes da saída do bloco”, explicou.

A expectativa é de que as mudanças reduzam em cerca de 10% a emissão de vistos. Sumption lembra, ainda, que o impacto sobre os migrantes será significativo. “Ter status temporário obviamente não é muito bom para os próprios migrantes. O sistema de imigração do Reino Unido é muito caro para quem está em situação temporária”, disse. “Por outro lado, isso gera muito mais receita para o governo, que redistribui o dinheiro para o sistema de saúde e de qualificação — embora essa não seja a justificativa usada.”

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