
A palavra “madrasta”, sempre foi cercada de preconceitos e interpretações negativas. Por muito tempo, ela foi sinônimo de alguém insensível, invejosa, sem empatia. Os contos de fadas, que marcaram gerações, reforçam essa imagem. Quem não se lembra das madrastas da Branca de Neve ou da Cinderela?
Só que os tempos mudaram – e os formatos das famílias também. Hoje, com o aumento dos divórcios e recasamentos, é cada vez mais comum a presença da madrasta na vida de muitas crianças e adolescentes. E, ao contrário do que muitos imaginam, essa convivência costuma ser boa. É claro que isso não anula a possibilidade de alguns conflitos ou divergência de opiniões, afinal isso faz parte da dinâmica de qualquer família – inclusive entre mães biológicas e seus filhos.
Mas o problema é que, mesmo diante dessa nova realidade, a figura da madrasta continua sendo vista com desconfiança. Para alguns filhos, e até mesmo outros membros da família, ela pode parecer uma ameaça; alguém que quer ocupar o lugar da mãe ou que atrapalha o sonho de reconciliação entre os pais.
Essa visão distorcida também afeta as próprias madrastas. Muitas vezes, elas se sentem inseguras, sem saber até onde podem ir, o que podem dizer ou como se posicionar diante de uma situação. Afinal, não há um manual sobre o papel que ocupam. É difícil para elas saber qual o limite entre o cuidado e o receio de parecer invasiva.
Ainda assim, muitas delas escolhem participar ativamente da vida dos enteados. Ajudam nas tarefas, acompanham nas atividades do dia a dia, se envolvem na rotina, oferecem suporte emocional – e, em alguns casos, tornam-se verdadeiras aliadas na vida dessas crianças e adolescentes. Não querem substituir a mãe biológica, nem competir. Apenas somar. Auxiliar no que for preciso. E, quando os pais, após a separação, mantêm uma convivência minimamente respeitosa, isso facilita aos filhos ver a madrasta de forma positiva.
Por isso, é importante que a sociedade deixe para trás o velho estereótipo da “madrasta má” e aprenda a olhar para essa figura com mais empatia. É preciso construir uma nova narrativa. Madrastas são mulheres que também se dispõem a construir uma relação baseada no afeto, no acolhimento e na convivência.
Atualmente, com os diferentes modelos familiares, é essencial ressignificar esse papel. Isso contribui para relações mais saudáveis e acolhedoras. Afinal, o amor não se limita a laços de sangue. Com afeto e respeito, muitas madrastas constroem vínculos verdadeiros. Lembrando que o mais importante, nessa dinâmica, é que as crianças e adolescentes estejam felizes. Créditos: Joselene Alvim-Psicóloga