‘Recebiam dinheiro do tráfico de drogas para proteger o tráfico’, diz delegado sobre PM e guarda presos em operação no interior de SP


Investigação apontou envolvimento de agentes de segurança pública com o Comando Vermelho para realização de crimes que incluem execução de membros da facção rival PCC. Operação prende 9 e mira tentativa de expansão de facção criminosa do interior de SP
O policial militar e o guarda municipal de Araras (SP) presos durante uma operação contra uma tentativa de expansão da facção criminosa Comando Vermelho (CV) no interior de São Paulo, nesta segunda-feira (5), executavam crimes e recebiam para proteger o tráfico de drogas, segundo a Polícia Civil.
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A Operação Hitman foi realizada pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Limeira (SP), nesta segunda-feira (5), e prendeu nove pessoas. O objetivo, segundo a corporação, é barrar uma tentativa de expansão da facção criminosa fluminense Comando Vermelho (CV) no interior de São Paulo. Um guarda civil de Araras segue foragido.
Segundo a polícia, os suspeitos presos realizaram crimes que incluem até a execução de membros da facção rival Primeiro Comando da Capital (PCC) com o objetivo de dominar rotas de crimes na região de Limeira e Araras para o escoamento de drogas e armamentos. A região é conhecida como ‘Rota Caipira’. Saiba mais abaixo.
O Comando Vermelho concentra a maior parte da atuação no estado do Rio de Janeiro, enquanto o PCC nasceu e mantém grande atuação no estado de São Paulo.
“Esses agentes públicos têm atuado em várias frentes: tráfico de drogas, associação com o tráfico, alteração de sinal de veículo automotor. […] Nós estamos apurando esses fatos ainda, mas eles estão envolvidos com peças-chaves do Comando Vermelho. Em vista do fato dessa região ser estratégica para o tráfico de drogas e armas, esses indivíduos começaram a praticar vários delitos, inclusive homicídios de membro do Primeiro Comando da Capital, para poder dominar o território. […] Em tese, eles executam esses crimes”, detalhou o delegado da DIG/Dise de Limeira, Leonardo Burger.
Apreensões realizadas durante a Operação Hitman
DIG de Limeira
Além disso, eles são investigados por corrupção passiva.
“Porque há diálogos que demonstram que eles recebiam dinheiro do tráfico de drogas para proteger o tráfico de drogas”, acrescentou o chefe de polícia.
Também houve busca e apreensão nos armários funcionais desses agentes e em suas residências.
Prisões anteriores
A Polícia Civil já tinha cumprido um mandado que levou à prisão em flagrante de policiais militares anteriormente.
“Foram encontrados com eles objetos de crime, carros dublês, um arsenal de armas frias. Em vista disso, o nosso trabalho tem ganhado corpo. Nessa data, a gente cumpriu 16 mandados de busca e prisão. Foram nove mandados de prisões temporárias, inclusive com o apoio da Delegacia de Gramado (RS), que capturou um guarda municipal que lá estava passeando em um hotel”, detalha Burger.
Além de Gramado, os mandados foram cumpridos em Limeira, Araras e Leme, no interior de São Paulo.
Policiais e viaturas durante a Operação Hitman
DIG de Limeira
Próximos passos
As investigações relacionadas aos mandados cumpridos nesta segunda-feira não se referem aos homicídios atribuídos ao grupo, mas à investigação sobre a existência de uma organização criminosa.
“Esses [inquéritos sobre os homicídios] são apurados inquéritos apartados. Agora, depois de deflagrada a operação, nós vamos pedir compartilhamento de prova de tudo para poder analisar realmente o contexto e poder juntar as peças e responsabilizá-los por esses fatos”, explica o chefe de polícia.
Envolvimento de outros agentes
Segundo o delegado, não está descartada a possibilidade de envolvimento de outros agentes públicos.
“O objetivo daqui para frente é identificar mais membros, elucidar mais crimes e promover ou reunir uma quantidade de elementos significativos para que a gente consiga encaminhar ao Ministério Público, a fim de que esses indivíduos presos hoje possam pegar condenações importantes, a fim de que eles saiam da rua”, finalizou.
Polícia Civil de Limeira faz operação contra crime organizado, tráfico e homicídio
Rota Caipira
Limeira e Araras estão na região conhecida como “Rota Caipira”, local utilizado pelo tráfico para o escoamento de drogas e armamentos. Segundo a Polícia Civil, a organização criminosa visava alterar o domínio criminal da região para facilitar a atuação do Comando Vermelho.
A investigação apontou que “há fortes indícios” que armamentos pesados, como fuzis de assalto, roubados ou contrabandeados, estariam sendo enviados de países da fronteira com Brasil para o Rio de Janeiro para abastecer facções criminosas na capital fluminense.
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