Coreia do Norte admite pela primeira vez o envio de tropas para apoiar a Rússia na guerra da Ucrânia

A Coreia do Norte confirmou pela primeira vez, nesta segunda-feira (28), que enviou tropas para lutar ao lado da Rússia na guerra da Ucrânia. Segundo o regime de Pyongyang, seus soldados “libertaram completamente a área ocupada da região de Kursk”, situada no oeste russo. A presença militar norte-coreana no conflito havia sido apontada por Kiev, mas até agora não havia reconhecimento oficial por parte do governo de Kim Jong-un. As informações são da rede Radio Free Asia (RFA).

De acordo com estimativas da Ucrânia, até 14 mil militares norte-coreanos, incluindo três mil enviados como reforço para substituir perdas em combate, estariam participando das ações na região de Kursk, onde forças ucranianas haviam avançado durante uma ofensiva lançada em agosto.

Segundo a KCNA, agência estatal de notícias norte-coreana, o envio das tropas foi feito “por ordem” de Kim, em cumprimento ao tratado de defesa mútua assinado entre Coreia do Norte e Rússia. O acordo foi formalizado em junho do ano passado durante a visita do presidente russo, Vladimir Putin, a Pyongyang. No pacto, ambos os países se comprometeram a prestar assistência militar “sem demora” em caso de ataque a um dos signatários.

Campanha de alistamento militar na Coreia do Norte, outubro de 2024 (Foto: KCNA/divulgação)

Putin agradeceu oficialmente aos soldados norte-coreanos pela participação nos combates. Em comunicado divulgado nesta segunda pelo Kremlin, o presidente russo elogiou “o heroísmo, o alto nível de treinamento especial e a dedicação dos combatentes norte-coreanos, que, ombro a ombro com os soldados russos, defenderam nossa Pátria como se fosse a deles”.

Em resposta à confirmação, o governo da Coreia do Sul condenou o envolvimento norte-coreano. “A participação da Coreia do Norte na guerra da Ucrânia é uma clara violação da Carta da ONU e das resoluções do Conselho de Segurança, constituindo um ato ilegal. O reconhecimento oficial equivale à admissão de um crime”, afirmou Jeon Ha-gyu, porta-voz do Ministério da Defesa sul-coreano.

A Ucrânia, por sua vez, contestou a narrativa de vitória russa e norte-coreana na região. O presidente Volodymyr Zelensky declarou no domingo (27), após Putin anunciar a retomada de Kursk, que “nosso Exército continua a atuar nas regiões de Kursk e Belgorod — mantemos nossa presença em território russo”.

Por sua vez, o Departamento de Estado norte-americano pediu o fim imediato da presença militar norte-coreana na Rússia. “O envio de soldados da Coreia do Norte para a Rússia deve acabar. Países terceiros, como a Coreia do Norte, têm responsabilidade pela continuidade da guerra”, afirmou o governo Trump em nota.

Apesar da escalada, a KCNA anunciou que será erguido em Pyongyang um monumento para homenagear os soldados mortos em combate, com flores depositadas nos túmulos em sinal de respeito e memória. Para Kim, a atuação das tropas norte-coreanas representa “uma missão sagrada para fortalecer ainda mais a amizade e solidariedade com a Rússia e defender a honra da Coreia do Norte”.

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