Brasil destaca o BRICS como liderança na busca pela paz e cobra reforma de instituições globais

Ao abrir a reunião de ministros das Relações Exteriores do BRICS, realizada no Rio de Janeiro, o chanceler brasileiro Mauro Vieira afirmou que o grupo tem hoje um papel crucial frente às múltiplas crises que desafiam a paz e a segurança no cenário internacional. O encontro reuniu representantes dos 11 países que atualmente integram o bloco, considerado uma das maiores coalizões geopolíticas do mundo, com quase metade da população global.

Em nota divulgada pelo Itamaraty, Vieira destacou que o BRICS, ampliado recentemente, tem capacidade única de promover a estabilidade global. “Estamos unidos por uma crença comum: a paz não pode ser imposta, deve ser construída. Ela deve se basear na inclusão, no respeito ao direito internacional e na igualdade soberana dos Estados”, declarou.

Ministro Mauro Vieira lidera reunião de chanceleres do BRICS no Rio (Foto: Itamaraty/divulgação/X)

O ministro brasileiro apontou a fragilidade da atual arquitetura de segurança mundial, herança da Segunda Guerra, e criticou a lentidão dos mecanismos internacionais diante de conflitos armados e emergências humanitárias. Para ele, o Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas) precisa passar por reformas para refletir melhor as realidades geopolíticas atuais ante à erosão do multilateralismo.

A situação em Gaza foi um dos pontos centrais do discurso. Vieira classificou como “inaceitáveis” os novos bombardeios israelenses e a obstrução à ajuda humanitária. “O colapso do cessar-fogo anunciado em 15 de janeiro é deplorável”, disse ele, acrescentando que uma saída justa e duradoura para o conflito só poderá ser alcançada “por meios pacíficos e sob o direito internacional”.

Em relação à guerra na Ucrânia, Mauro Vieira ressaltou a importância de uma solução política negociada. Ele lembrou que Brasil e China sediaram, em setembro, uma reunião do “Grupo de Amigos da Paz”, reunindo países do Sul Global, para tentar abrir caminho para o diálogo entre as partes. “Permanecemos comprometidos em continuar trabalhando pela paz e por uma solução política para o conflito”, afirmou.

O ministro também chamou atenção para a crise no Haiti e a escalada de tensões em regiões da África, como Sudão, Grandes Lagos e Chifre da África. Defendeu ações imediatas para apoiar os esforços de estabilização e desenvolvimento local. Ao abordar o papel humanitário do grupo, reforçou que nas zonas de conflito “o acesso à ajuda deve ser incondicional e imparcial” e que “o sofrimento humano jamais deve ser instrumentalizado”.

Encerrando seu discurso, Mauro Vieira reafirmou que o BRICS tem condições de assumir a dianteira no cenário geopolítico atual, conforme os EUA se distanciam cada vez mais desse papel. “O caminho para a paz não é fácil nem linear. Mas o BRICS pode e deve ser uma força para o bem, não como um bloco de confronto, mas como uma coalizão de cooperação. Devemos liderar pelo exemplo, reafirmando nossa crença em um mundo multipolar onde a segurança não é privilégio de poucos, mas um direito de todos”, concluiu.

O post Brasil destaca o BRICS como liderança na busca pela paz e cobra reforma de instituições globais apareceu primeiro em A Referência.

Adicionar aos favoritos o Link permanente.