Igreja-Mãe foi fundada em 29 de abril de 1925 por Dom Carlos Duarte da Costa. Catedral de São Sebastião, em Presidente Prudente (SP)
Júlia Guimarães/g1
Localizada no coração de Presidente Prudente (SP), no Centro, a Catedral de São Sebastião esteve presente na história de muitos prudentinos, seja direta ou indiretamente, como um símbolo da fé, um exemplo de comunidade, arte ou, até mesmo, um cartão postal que indica pertencimento.
📱 Participe do Canal do g1 Presidente Prudente e Região no WhatsApp
Uma das explicações para essa localização, além de ser parte do perímetro urbano em que Presidente Prudente foi fundada e se desenvolveu ao longo dos anos, de acordo com o cardeal Orani João Tempesta, para a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), costumeiramente, “as catedrais estão localizadas no ponto central da cidade, devido a localização, é como se estivesse subindo ao monte para encontrar o Senhor”.
O nome “catedral” se orgina no termo “cátedra”, que significa a sede de onde o bispo preside as missas.
Ainda conforme o cardeal, uma catedral nada mais é do que a “Igreja-Mãe” de uma Diocese. Ou seja, a Igreja principal onde ocorrem as celebrações feitas pelo bispo diocesano, como: as ordenações e a Missa dos Santos Óleos na Semana Santa, entre outras.
Lucas de Góis Campos (à direita) frequenta a Catedral de São Sebastião há mais de 40 anos
Cedida
Devoção
O aposentado Lucas de Góis Campos, de 72 anos, frequenta a Catedral de São Sebastião há mais de quatro décadas.
“Minha história com a Catedral de São Sebastião começou em junho de 1953, quando fui batizado e fui crismado em 15 de novembro de 1953. Fiz a Primeira Comunhão em novembro de 1960 e, em janeiro de 1961, comecei como coroinha, ficando até o final de 1963”, contou ao g1.
Campos também completou que, na infância, além de atuar como catequisando e coroinha, participou da Cruzada Eucarística até 1964.
“Depois, por motivos familiares, fui participar de outras paróquias que foram sendo desmembradas entre os anos 1965 a 1980. Em agosto de 1981, voltei a participar ativamente da comunidade paroquial onde continuo até os dias atuais, participando da Pastoral Familiar e como Ministro Extraordinário da Sagrada Comunhão, além dos Conselhos Pastorais da paróquia”, explicou.
Lucas de Góis Campos (à esquerda) ao lado do atual bispo diocesano Dom Benedito Gonçalves dos Santos
Cedida
Segundo o aposentado, a construção da catedral significou um elo para os prudentinos.
“Como foi a primeira Igreja da cidade, [a catedral] sempre foi o centro religioso e contou com a participação da comunidade nas atividades religiosas da comunidade, sendo o elo de união que juntou a população rural e urbana, com atividades comunitárias que ajudou nas obras de construção tanto da Igreja como de outras obras sociais como a Santa Casa de Misericórdia e o Asilo Vicentino que acolhe os idosos”, afirmou ao g1.
“A comunidade da catedral realizou, ao longo dos anos, uma atividade tanto religiosa como social, colaborando com os necessitados da cidade, mantendo várias conferências vicentinas e o centro social, minorando as dificuldades das famílias carentes”, completou.
Lucas de Góis Campos (à esquerda) disse que o filho foi batizado em agosto 1981, pelo padre Jerônimo Gasques
Cedida
Para Campos, o centenário também representa um marco importante em sua vida.
“O centenário significa um marco importante na minha vida, pois, ao longo dos meus 72 anos, sempre estive envolvido com a vida desta comunidade, com a participação de minha família, desde meus avós maternos que ajudaram na construção desta igreja”, afirmou ao g1.
Ele ainda contou que sempre manteve uma devoção a São Sebatião, padroeiro da paróquia e da Diocese de Presidente Prudente.
“Sempre mantive uma devoção a São Sebastião pela proteção contra as doenças e epidemias que assolaram nossa cidade, protegendo a minha família dos males que atingiram nestes mais de 70 anos de vida”, ressaltou.
Lucas de Góis Campos atua como ministro da Eucaristia na Catedral de São Sebastião, em Presidente Prudente (SP)
Cedida
Campos também destacou que a comunidade realiza muitos trabalhos de evangelização e espera que sejam continuados em prol do acolhimento de famílias.
“Espero que a comunidade continue este trabalho de evangelização das famílias prudentinas, acolhendo e orientando tanto na vida religiosa como no acolhimento daqueles que enfrentam problemas de relacionamento familiar e religioso, bem como procurando amparar aqueles que enfrentam problemas materiais”, explicou.
“A comunidade de São Sebastião sempre foi importante na minha vida e espero manter esta conexão, colaborando para que o fervor religioso possa ser mantido para o crescimento tanto dos nossos paroquianos como das demais comunidades paroquiais da nossa diocese”, finalizou Campos ao g1.
Inicialmente, a Catedral de São Sebastião, em Presidente Prudente (SP), era uma capela de madeira
Diocese de Presidente Prudente
Cem anos de história
A história da Catedral de São Sebastião teve início em 29 de abril de 1925, quando o Dom Carlos Duarte da Costa, bispo da Arquidiocese de Botucatu (SP), assinava o decreto de criação de paróquia.
Além disso, diante do crescimento populacional da região e das dificuldades enfrentadas pelos fiéis para acessar os sacramentos, em uma época marcada pela ausência de meios de transporte e longas distâncias entre comunidades, a paróquia nasceu quando Presidente Prudente completava 7 anos de fundação.
Neste mesmo período, foi fundada a Igreja Matriz, em Santo Anastácio (SP).
Em 1960, foi instalada a Diocese de Presidente Prudente (SP), com a posse do primeiro bispo, Dom José de Aquino Pereira
Diocese de Presidente Prudente
Segundo o monsenhor Expedito Pereira Cavalcante, no livro Poliantéia Diocesana (2010), em 11 de maio daquele ano, o bispo instituiu o primeiro vigário, o monsenhor José Maria Martinez Sarrion, que foi o primeiro pároco da cidade, empossado em 24 de maio.
De acordo com o monsenhor José Antônio de Lima, a paróquia foi criada em 29 de abril de 1925, quando havia apenas uma “capelinha de madeira”.
Com os trabalhos iniciados, Sarrion idealizou a construção de um templo maior, que atendesse à crescente comunidade católica e, futuramente, pudesse se tornar a sede de uma possível diocese.
A primeira pedra da nova igreja foi lançada em agosto de 1936, com missa solene presidida pelo bispo Dom Antônio José dos Santos. A inauguração ocorreu em 25 de janeiro de 1942, com a presença de autoridades civis e representantes do Governo Estadual. Até então, a igreja era administrada por padres de ordem palotina.
A paróquia apenas foi intitulada como catedral em 1960, com a criação da Diocese de Presidente Prudente e a nomeação do primeiro bispo, Dom José de Aquino Pereira.
A partir desse período, a catedral passou a ser administrada pela diocese.
Vista parcial do projeto arquitetônico do que seria a catedral, apresentado por Dom Antônio Agostinho Marochi
Arquivo Monsenhor Expedito Pereira Cavalcante
Ainda conforme Cavalcante, no livro da Poliantéia Diocesana, com o passar do tempo e, principalmente, após o Concílio Vaticano II, “algo deveria ser feito para melhor fluxo pastoral na Igreja-Catedral, como sede da Paróquia-Mãe e como Sede Episcopal, isto é, ali seria o lugar, mais à vista, para uma adaptação ou mesmo criação de lugar pastoral central”.
Dom Antônio Agostinho Marochi, depois de estudar todas as possibilidades, “resolveu fazer aquele lugar passar por uma profunda adaptação; de boa fé, apresentou seus projetos ao poder público executivo de Presidente Prudente”, escreveu.
“Infelizmente, mal entendido pelas autoridades legislativas e executivas, viu seus projetos ruírem com a inoportuna ideia de ‘tombamento’ da Catedral pelos poderes públicos municipais, que instigando alguns segmentos da sociedade, criaram tensões que coibiram a execução dos planos do Prelado. A Catedral foi ‘tombada’ e ‘destombada’ e quem levou a pior em tudo isso, foi o próprio prédio da Catedral e o povo prudentino. Foram anos de lutas e polêmicas. Enfim, depois de destombado o imóvel, o bispo conseguiu apenas ‘reformar’ o prédio da Catedral e dar-lhe o tom artístico que ali vemos hoje, pelas habilidosas mãos do professor José Botosso”, argumentou Cavalcante na obra.
Catedral de São Sebastião, em Presidente Prudente (SP), na década de 1950
Pascom Diocesana
Ao longo dos anos, a Catedral passou por diversas reformas e melhorias, acompanhando o desenvolvimento da cidade e da Igreja local. Mais de 30 padres, entre diocesanos e religiosos, contribuíram com dedicação e zelo pastoral para a condução da vida paroquial.
Em 100 anos de história, a Catedral São Sebastião permanece como sinal de fé viva, centro de evangelização, comunhão e referência espiritual para toda a Diocese.
“O importante é que foi construída uma história. Não é um trabalho meu, não só do bispo [Dom Benedito Gonçalves do Santos], nós herdamos também o trabalho de muitos sacerdotes que passaram por aqui. Muitos bispos, são oito bispos, ao total, que a nossa Igreja Matriz esteve vinculada ao longo desses 100 anos. Então, para a gente, significa algo muito importante, que não é um trabalho só de hoje. Nós estamos colhendo frutos de muitos outros que por aqui passaram e a gente espera também deixar uma semente para as gerações futuras”, finalizou o monsenhor José Antônio de Lima, que administra a Catedral de São Sebastião.
VÍDEOS: Tudo sobre a região de Presidente Prudente
Veja mais notícias em g1 Presidente Prudente e Região.