Milícias apoiadas pelo Irã no Iraque cogitam largar as armas para evitar ataques dos EUA

Milícias xiitas apoiadas pelo Irã no Iraque sinalizaram pela primeira vez disposição para depor as armas diante da crescente ameaça de retaliações por parte dos EUA. Segundo líderes dos grupos e autoridades iraquianas ouvidos pela agência Reuters, as negociações estão em estágio avançado, impulsionadas por alertas da administração Trump ao primeiro-ministro Mohammed Shia al-Sudani.

O temor é que os EUA intensifiquem ataques aéreos contra os grupos armados que operam dentro do território iraquiano. Um comandante da poderosa milícia Kataib Hezbollah, que falou sob anonimato, foi direto: “Trump está pronto para levar a guerra conosco a níveis piores, nós sabemos disso, e queremos evitar esse cenário ruim.”

Míssil balístico exibido em desfile de comemoração da Semana da Sagrada Defesa, que lembra a guerra entre Irã e Iraque, Teerã, 2019 (Foto: WikiCommons)

Os grupos em negociação fazem parte da chamada Resistência Islâmica no Iraque, uma aliança de cerca de dez milícias com lealdade declarada à Guarda Revolucionária Islâmica (IRGC) e que já protagonizaram dezenas de ataques com mísseis e drones contra alvos israelenses e norte-americanos desde o início da guerra em Gaza.

Embora não haja acordo finalizado, o governo iraquiano estuda caminhos para desmobilizar os combatentes, entre eles a transformação das milícias em partidos políticos e a incorporação de seus membros às Forças Armadas nacionais. “As facções não estão agindo com teimosia ou insistindo em continuar na forma atual”, afirmou Izzat al-Shahbndar, político xiita próximo ao premiê. Segundo ele, “os grupos estão plenamente cientes de que podem ser alvos dos EUA”.

Nas últimas semanas, sedes das milícias foram esvaziadas em cidades como Mossul e Anbar, e seus líderes passaram a adotar medidas rigorosas de segurança, trocando de veículos, celulares e locais de permanência. O Departamento de Estado dos EUA reafirmou a cobrança: “Essas forças devem responder ao comandante-em-chefe do Iraque e não ao Irã.”

O conselheiro de política externa de Sudani, Farhad Alaaeldin, declarou que o governo “está comprometido em garantir que todas as armas no Iraque estejam sob controle do Estado por meio de um diálogo construtivo com vários atores nacionais”.

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