Opositores de Maduro deixam embaixada da Argentina na Venezuela e chegam aos EUA

Cinco membros da oposição venezuelana deixaram a residência diplomática da Argentina em Caracas após mais de um ano refugiados no local. O grupo, que havia buscado abrigo para evitar a prisão por parte do governo de Nicolás Maduro, chegou aos EUA na terça-feira (6), segundo anunciou o secretário de Estado norte- americano, Marco Rubio, citado pela agência Associated Press (AP).

Rubio, que descreveu a retirada como uma “operação de resgate” e não forneceu detalhes sobre como os opositores conseguiram sair da Venezuela nem as circunstâncias exatas da viagem.

“Os EUA celebram o resgate bem-sucedido de todos os reféns mantidos pelo regime de Maduro na embaixada da Argentina em Caracas”, escreveu o secretário em publicação na rede X. “Após uma operação precisa, todos os reféns estão agora em solo americano com segurança.”

Venezuelana com a bandeira do país no rosto, na Flórida, em 2019 (Foto: WikiCommons)

O governo de Nicolás Maduro não comentou oficialmente o episódio até o momento. Os cinco opositores, entre eles o gerente de campanha e a diretora de comunicação da líder opositora María Corina Machado, haviam sido autorizados a entrar na residência do embaixador argentino em março de 2024, após ordens de prisão emitidas por autoridades leais ao presidente, sob acusação de incitar atos violentos contra o Estado.

Machado também comemorou a libertação. Em publicação nas redes sociais, ela classificou a ação como uma “operação impecável e épica pela liberdade de cinco heróis da Venezuela”.

Desde novembro do ano passado, os abrigados denunciaram vigilância constante por parte de agentes de inteligência e da polícia venezuelana. Também relataram cortes deliberados no fornecimento de água e energia na embaixada, acusações que foram negadas pelo governo.

Um sexto integrante do grupo, o ex-ministro Fernando Martínez, havia deixado o local em dezembro após nove meses de refúgio. Segundo autoridades venezuelanas, ele se apresentou ao Ministério Público e morreu em fevereiro.

A repressão contra opositores se intensificou nos meses que antecederam a eleição presidencial de 2024, cujo resultado, amplamente questionado, garantiu novo mandato a Maduro. Após o anúncio da vitória pelo Conselho Nacional Eleitoral, dominado por aliados do presidente, o país mergulhou em protestos que deixaram mais de 20 mortos e levaram ao rompimento de relações diplomáticas com vários países, entre eles a Argentina.

Em agosto do ano passado, o Brasil aceitou o pedido argentino para proteger o imóvel diplomático em Caracas após a expulsão dos diplomatas argentinos pelo governo de Maduro, em resposta às críticas do presidente Javier Milei, que se recusou a reconhecer “mais uma fraude”. No entanto, em setembro, Caracas revogou a autorização à diplomacia brasileira, sob a alegação de que o local estaria sendo usado “para planejar atividades terroristas e atentados”. Brasil e Argentina rejeitaram veementemente as acusações.

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