Grupo acusa a oposição política de Taiwan de favorecer a espionagem chinesa

Taiwan enfrenta graves ameaças à segurança nacional, que vão desde infiltração de espiões no Legislativo até o uso de recursos chineses para influenciar políticos e manipular eleições, segundo denúncia divulgada nesta terça-feira (22) pela organização Citizen Congress Watch (CCW). O grupo, que monitora a atuação parlamentar no país, acusa partidos de oposição de colaborarem ativamente para enfraquecer as defesas contra a ingerência de Beijing. as informações são do jornal Taipei Times.

Em entrevista coletiva em Taipé, o diretor da CCW, Chang Hung-Lin, afirmou que o sistema unicameral da ilha aumenta a vulnerabilidade diante dessas ameaças, já que todas as decisões sobre orçamento, nomeações e legislação passam por uma única câmara.

“Porque todos os projetos de lei, orçamentos governamentais e nomeações de altos funcionários precisam apenas ser aprovados por [um Legislativo de casa única], quando há uma violação de segurança nesse espaço, o governo e toda a sociedade estão em perigo”, declarou.

Lai Ching-te, presidente de Taiwan, agosto de 2024 (Foto: Flickr/governo de Taiwan)

Chang destacou que, ao longo do último ano, duas siglas da oposição atuaram “para trair os interesses deste país e de seu povo” e citou diversos casos de infiltração nos gabinetes de parlamentares e assessores com o objetivo de espionar em favor da China. Ele também afirmou que o Partido Nacionalista Chinês (KMT) e o Partido Popular de Taiwan (TPP) se recusaram a cooperar com o monitoramento feito pela entidade.

Durante a apresentação do relatório, os dirigentes da CCW elencaram oito crises principais que afetam a segurança nacional no parlamento taiwanês, incluindo campanhas de desinformação fomentadas por Beijing, financiamento ilícito de campanhas eleitorais, penas brandas aplicadas a casos de espionagem chinesa e o bloqueio sistemático de projetos para fortalecer as defesas militares e a proteção de informações confidenciais.

O presidente da CCW, Tseng Chien-yuan, apresentou uma lista dos parlamentares que, segundo a entidade, mais contribuíram para enfraquecer a segurança nacional por meio de manobras legislativas. No topo da relação aparece o deputado Lin Shih-ming, do KMT, acusado de ter bloqueado 124 projetos ligados à segurança neste período legislativo.

Por que isso importa?

Taiwan é uma questão territorial sensível para a China, e a queda de braço entre Beijing e o Ocidente por conta da pretensa autonomia da ilha gera um ambiente tenso, com a ameaça crescente de uma invasão pelas forças armadas chinesas a fim de anexar formalmente o território taiwanês.

Nações estrangeiras que tratem a ilha como nação autônoma estão, no entendimento de Beijing, em desacordo com o princípio “Uma Só China“, que também vê Hong Kong como parte da nação chinesa.

Embora não tenha relações diplomáticas formais com Taiwan, assim como a maioria dos demais países, os EUA são o mais importante financiador internacional e principal parceiro militar de Taipé. Tais circunstâncias levaram as relações entre Beijing e Washington a seu pior momento desde 1979, quando os dois países reataram os laços diplomáticos.

A China, em resposta à aproximação entre o rival e a ilha, endureceu a retórica e tem adotado uma postura belicista na tentativa de controlar a situação. Jatos militares chineses passaram a realizar exercícios militares nas regiões limítrofes com Taiwan e habitualmente invadem o espaço aéreo taiwanês, deixando claro que Beijing não aceitará a independência formal do território “sem uma guerra“.

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