Combatentes chineses capturados na Ucrânia dizem que Rússia não é tão forte quanto afirma

Dois cidadãos chineses capturados pelas forças ucranianas enquanto combatiam ao lado da Rússia foram apresentados em Kiev na segunda-feira (8). As autoridades afirmam que ambos foram detidos na região de Donetsk, no leste da Ucrânia, e que sua presença confirma o alistamento voluntário de estrangeiros recrutados por Moscou, inclusive de países que se dizem neutros no conflito. As informações são da revista Newsweek.

Durante a coletiva de imprensa em que foram apresentados, os prisioneiros Wang Guanjung e Zhang Renbo criticaram duramente os russos. “Tudo o que a Rússia nos ofereceu são mentiras. São falsidades. A Rússia não é tão forte quanto afirma, e a Ucrânia não é tão atrasada quanto dizem”, afirmaram os dois.

Soldados do Exército de LIbertação Popular da China, fevereiro de 2024 (Foto: eng.chinamil.com.cn/Li Mingxu)

Volodymyr Zelensky, presidente da Ucrânia, afirmou nas redes sociais que mais cidadãos chineses estão atuando nas tropas russas. “Temos informações que sugerem que há muitos mais cidadãos chineses nas unidades do ocupante, além desses dois.”

Segundo os relatos, Wang, nascido em 1991, decidiu se alistar depois de ver um anúncio no TikTok prometendo salários acima da média chinesa. Já Zhang, de 1998, viajou à Rússia em dezembro para trabalhar na construção civil, mas acabou sendo recrutado pelo Exército. Ambos negaram ligação com o governo chinês e afirmaram que não mataram nenhum soldado ucraniano.

Na entrevista, os dois prisioneiros chineses expressaram desejo de voltar para casa em uma eventual troca de detidos. “Eu entendo que pode haver punição, e estou pronto para isso. Mas ainda quero voltar para casa e para minha família”, disse Zhang.

Wang também demonstrou arrependimento: “A guerra real é completamente diferente do que vemos em filmes e na TV. Me arrependo de uma coisa — quero pedir desculpas aos meus pais. E meu único desejo é voltar [para a China] e seguir todas as instruções que me ajudem a fazer isso.”

Aliança Beijing-Moscou

Em meio à repercussão internacional, Beijing reafirmou sua posição de neutralidade e negou vinculo com os dois combatentes capturados. “A China não iniciou a crise na Ucrânia, nem é parte dela”, disse o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês Lin Jian.

A negativa, porém, vai contra os indícios que têm se acumulado de apoio chinês a Moscou, inclusive no âmbito militar. Em 2022, por exemplo, a China vendeu mais de US$ 500 milhões em semicondutores para a Rússia, em comparação com os US$ 200 milhões de 2021, segundo dados de setembro de 2023 divulgados pela rede CNBC.

Os EUA adotaram tom duro ao analisarem a aliança e reforçaram suas acusações. “A China é uma grande facilitadora da Rússia na guerra na Ucrânia. A China fornece quase 80% dos itens de uso duplo que a Rússia precisa para sustentar a guerra. Oitenta por cento vem da China”, declarou Tammy Bruce, porta-voz do Departamento de Estado.

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