
Esquema que movimentou R$ 25 milhões era realizado às 23h, momento de vulnerabilidade do sistema bancário. Investigações apontam que duas famílias de Monte Azul Paulista (SP) descobriram falha e passaram a tirar dinheiro da instituição. Empresário de Monte Azul Paulista é suspeito de saque milionário sem ter dinheiro na conta
As investigações do Ministério Público apontam que as transações fraudulentas que movimentaram R$ 25 milhões em um mês, em 2021, aconteciam mesmo sem os integrantes da quadrilha terem dinheiro na conta.
Segundo o MP, o esquema se tornou possível após duas famílias de Monte Azul Paulista (SP) descobrirem uma falha no sistema de um banco virtual. A partir daí, o grupo passou a tirar dinheiro da instituição.
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Entre janeiro e fevereiro de 2021, foram 414 transações. No período, os valores foram transferidos para 32 pessoas físicas e duas empresas e, ainda segundo o MP, 90% das operações aconteceram às 23h, período exato da vulnerabilidade do sistema bancário.
No dia 3 de fevereiro de 2021, 26 investigados fizeram transferências entre si no mesmo horário, às 23h01.
“Era muito comum uma pessoa transferir para um parente, depois este parente voltava o dinheiro pra pessoa, então havia muitas transferências de valores entre as pessoas e muitas pessoas de uma mesma família”, diz Flávio Sakamoto, promotor do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Nesta terça-feira (15), o empresário Tiago Donizete Barbosa, de 41 anos, foi preso em Bebedouro (SP) por suspeita de envolvimento no esquema.
Tiago Donizete Barbosa, de Monte Azul Paulista (SP), por suspeita de envolvimento em fraude a banco digital
Arquivo pessoal
Também foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão em Pitangueiras (SP), Paraíso (SP), Barretos (SP) e Catanduva (SP).
De acordo com o Gaeco, a organização criminosa contam com, pelo menos, 40 pessoas. O MP agora quer descobrir quem são elas e a função de cada uma, explica o promotor.
“O que a gente precisa descobrir agora é se estas 40 pessoas fazem parte também da organização ou se foram cooptadas pelos líderes da quadrilha, vamos assim dizer, pra emprestar o nome, emprestar documento falso, para que eles, usando o nome destas pessoas, conseguissem fazer a subtração de dinheiro do banco”.
À EPTV, afiliada da TV Globo, a defesa de Tiago disse que a Justiça ainda vai apreciar o pedido de revogação da prisão dele.
O Banco Inter informou que o caso foi pontual, aconteceu há cinco anos, e sem nenhum prejuízo para os clientes. Disse também que investe em aprimoramento de políticas e sistemas de segurança de acordo com as leis e regulamentações para garantir a integridade das transações realizadas por aplicativo.
Famílias no epicentro do esquema
Ainda segundo o Gaeco, duas famílias de Monte Azul Paulista estão no epicentro do esquema fraudulento.
No cumprimento dos mandados de busca e apreensão, dezenas de documentos e cartões de banco foram encontrados em duas residências que ficam na região central da cidade. Em uma delas, funciona um salão de beleza.
“Nestas duas residências destas famílias que são o epicentro do esquema, [foram encontrados] muitos documentos de banco, próprios e em nome de terceiros. Foram localizados documentos pessoais falsificados, onde os quais eles usavam pra abrir conta falsa junto ao banco. Então, era uma quadrilha bem especializada neste tipo de fraude”, diz Sakamoto.
Cartões apreendidos em operação contra quadrilha do interior de SP que fraudou R$ 25 milhões de banco digital
Gaeco
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