Após sumiço de sacas, produtores relatam dificuldade em recomeçar safra de café e criticam liberdade de acusados


‘Estou tendo que trabalhar pra fora para conseguir sobreviver’, afirma cafeicultor que levou prejuízo de R$ 260 mil na região de Altinópolis (SP). Investigados por golpe, Marina e Guilherme Oliveira vão responder em liberdade. Casal suspeito de desaparecer com sacas de café de produtores de Altinópolis está solto
Produtores rurais que foram vítimas de um sumiço milionário de sacas de café na região de Altinópolis (SP) relatam dificuldades para dar sequência ao trabalho no campo e criticam a recente decisão que permitiu que os empresários acusados pelo crime respondam em liberdade.
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“Onde está esse café, o que foi feito com esse dinheiro? Estamos aqui com a colheita já e estamos sem dinheiro. Precisamos de dinheiro para começar a safra. Safra de café é uma coisa cara. Não só eu, mas tem mais produtores que estão aqui, que tiveram esse prejuízo, então a gente espera que, se ele [o casal] não conseguir pagar a gente financeiramente, que pelo menos se entenda com a Justiça depois”, afirma Júlio Calegaro.
O produtor, que perdeu R$ 1 milhão, é uma das 55 vítimas prejudicadas por um sumiço estimado em R$ 63 milhões em sacas de café dos galpões pertencentes a Guilherme Osório de Oliveira e Marina Célia Oliveira, presos em janeiro, mas que acabam de ser beneficiados por uma decisão da Justiça que os permitirá responder ao processo em liberdade, desde que cumpram medidas cautelares.
Eles são acusados por apropriação indébita qualificada, que é quando uma pessoa comercializa ou tem vantagem econômica em cima de bens de outras pessoas.
À EPTV, afiliada da TV Globo, os advogados de defesa do casal, Rafael Guimarães Carneiro, Daniele Godoi Santiago e Victor Santiago, alegaram que as acusações serão enfrentadas nos autos, que correm em segredo de Justiça para preservar a segurança de Guilherme e Marina.
O produtor rural Vicente Pinheiro conta que não sabe como vai dar sequência à safra deste ano após prejuízo de R$ 260 mil com sacas de café que sumiram na região de Altinópolis (SP).
Reprodução/EPTV
Prejuízo financeiro e dúvidas no campo
Outro produtor prejudicado, Vicente Pinheiro não sabe como vai dar sequência à safra deste ano sem os R$ 260 mil que perdeu com o golpe que levou.
“Estou tendo que trabalhar pra fora aí para eu conseguir sobreviver. Até inclusive eu não sei o que vou fazer pra colher meus cafés este ano porque tem um pouco de colheita, mas eu não tenho dinheiro”, diz.
Ele lamenta a situação por que tem passado, principalmente porque considerava ter uma relação de confiança com os donos dos galpões, inclusive na pesagem dos grãos, até antes de deixarem de responder. Para o produtor, dificilmente uma quantidade de café tão grande desaparecia de repente.
“Um volume de café desse a gente não esconde em qualquer lugar. Então a gente esperava que ele desse um parecer disso, pelo menos falar onde está esse café. Acho que ninguém some com uma quantidade dessa da noite pro dia”, diz.
Depois de perder R$ 1,7 milhão, Fabricio Martins reclama do fato de ainda não saber aonde foram parar as sacas.
“O produtor, a partir do momento que deposita o dinheiro em alguma cooperativa, seja ela qual for, tem uma confiança naquela pessoa. Ele [o casal ]tinha uma credibilidade muito grande com a gente, tinha, infelizmente, não tem mais”, lamenta.
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Guilherme Osório de Oliveira e a esposa dele, Marina Célia Lopes da Cruz Oliveira, são suspeitos de sumir com R$ 63 milhões em sacas de café em Altinópolis, SP
Reprodução
Prejuízo milionário
O caso veio à tona no dia 16 de janeiro, quando produtores que mantinham as sacas armazenadas no galpão do casal, em Altinópolis, procuraram a polícia depois que notaram o sumiço dos cafés e não conseguiram falar com Guilherme e Marina, que eram conhecidos na região e atuavam há dez anos no segmento.
Os dois chegaram a ser considerados foragidos e tiveram a prisão decretada no dia seguinte. No dia 28 de janeiro, Guilherme e Marina foram encontrados em Caraguatatuba (SP) e, desde então, estavam presos na cidade litorânea.
Segundo as investigações, os prejuízos que o casal causou aos produtores de café podem chegar a R$ 63 milhões.
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