Agências de inteligência alertam para espionagem chinesa por meio de aplicativos em celulares

Autoridades de inteligência de seis países ocidentais emitiram um alerta conjunto nesta semana sobre o aumento do uso de aplicativos maliciosos vinculados à China para espionar ativistas, jornalistas e defensores de direitos humanos. Os focos principais seriam pessoas ligadas a movimentos pró-independência de Taiwan, a causas tibetanas e uigures, bem como críticos do regime chinês em Hong Kong, segundo a agência Reuters.

O comunicado, assinado por agências de cibersegurança de EUA, Reino Unido, Alemanha, Canadá, Austrália e Nova Zelândia, menciona “a crescente ameaça” representada por softwares de vigilância desenvolvidos por uma empresa com sede em Chengdu, a Sichuan Dianke Network Security Technology Co., Ltd., que teria vínculos com o Ministério da Segurança Pública da China.

Segundo o alerta, dois vírus específicos, batizados de BadBazaar e Mooshine, são usados para acessar remotamente dados sensíveis de dispositivos móveis, como câmera, microfone e localização, além de coletar informações pessoais. O Reino Unido informou que os alvos incluem, além de ativistas, membros do movimento espiritual Falun Gong e representantes de minorias étnicas da região de Xinjiang.

Tecnologia de vigilância digital é arma da China contra a dissidência (Foto: Luis Villasmil/Unplash)

“O modo indiscriminado como esse spyware é distribuído online também significa que há risco de infecções se espalharem para além dos alvos pretendidos”, diz o documento divulgado pelo Centro Nacional de Cibersegurança (NCSC, na sigla em inglês) do Reino Unido. O aviso é destinado especialmente a ONGs, empresas, jornalistas e outros que representem ou defendam os grupos perseguidos.

A revelação surge em momento de tensão crescente entre Beijing e países do Ocidente. No dia 1º de abril, a China realizou exercícios militares nas proximidades de Taiwan, e poucos dias antes, em 28 de março, o secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, esteve nas Filipinas para reforçar o compromisso norte-americano com a estabilidade regional ante à ameaça chinesa.

A embaixada da China em Washington reagiu às acusações. “A China se opõe firmemente aos ataques de difamação contra a China sem qualquer base factual”, afirmou o porta-voz Liu Pengyu. “Esperamos que as partes relevantes adotem uma atitude profissional e responsável ao caracterizar incidentes cibernéticos, baseando suas conclusões em provas suficientes, e não em especulações e acusações infundadas.”

Celulares invadidos, pseudônimos revelados

Em fevereiro de 2024, a agência Associated Press (AP) fez denúncia semelhante com base em documentos de uma empresa privada de segurança, a I-Soon, que vazaram na internet. O conteúdo revelou uma campanha de vigilância e propaganda que incluía o acesso não autorizado a contas de e-mails e redes sociais, tendo como alvo sobretudo dissidentes e integrantes de minorias étnicas como os uigures.

I-Soon, prestadora de serviços para agências de policiamento e outros órgãos do governo chinês, fornecia ferramentas a agentes estatais da China para que invadissem sistemas e contas de redes sociais como o X, antigo Twitter. Assim, tinham acesso a perfis considerados subversivos e identificavam os responsáveis por eles, que tentavam em vão manter o anonimato utilizando pseudônimos.

A investigação revelou que os hackers a serviço de Beijing e da companhia também eram capazes de invadir contas de e-mail, ocultar as atividades de outros agentes estatais na internet, difundir conteúdo do interesse do Partido Comunista Chinês (PCC), inutilizar redes de Wi-Fi e até invadir sistemas de governos estrangeiros, esta última uma acusação cada vez mais frequente contra o governo da China.

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