PM afasta 2 policiais e abre inquérito para investigar morte de jovem com tiro na cabeça em Piracicaba


PM afirmou que Gabriel Junior Oliveira Alves da Silva, de 22 anos, resistiu a uma abordagem e ameaçou a equipe com uma pedra. OAB avalia que houve excesso em ação. Vídeos mostram desespero de amigos e esposa de homem morto pela PM em Piracicaba
A Polícia Militar (SP) afastou dois agentes envolvidos na morte do jovem Gabriel Junior Oliveira Alves da Silva, de 22 anos, após ser baleado na cabeça por um PM, na noite da última terça-feira (1º), em Piracicaba (SP). A informação foi confirmada ao g1 pela Secretaria de Segurança Pública (SSP-SP) na manhã desta sexta-feira (4). Em nota, o órgão afirmou que apura os fatos por meio de Inquérito Policial Militar (IPM). A Polícia Civil também investiga o caso.
“A instituição ressalta que não tolera desvios de conduta ou excessos e, constatadas irregularidades, os envolvidos serão devidamente responsabilizados”, acrescentou a SSP-SP no documento. O caso também é investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios do Deic do Deinter 9, que prossegue com as diligências visando ao esclarecimento dos fatos”, finalizou.
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Caso
Segundo a Polícia Militar, o rapaz reagiu com uma pedra e ameaçou policiais durante uma abordagem. A Ordem de Advogados do Brasil (OAB) avaliou que houve excesso na ação policial.
Vídeos feitos no local mostram desespero de amigos e familiares de Gabriel após o disparo contra ele. Neles, é possível ouvir o disparo e gritos, como “mataram o menino” e “mataram o Biel”, logo em seguida. (assista acima).
Entenda o que se sabe e o que falta saber sobre o caso, abaixo:
O caso aconteceu por volta das 19h30, durante patrulhamento na Rua Raul Ataíde, no bairro Vila Sônia;
Segundo o boletim de ocorrência, uma equipe policial viu um rapaz com um “volume suspeito” e abordou dois suspeitos;
De acordo com a PM, um deles resistiu, fugiu e retornou segurando uma pedra, ameaçando os policiais;
Também conforme a corporação, apesar das ordens para soltá-la, ele pegou outra pedra com um pedaço de ferro preso e, ao arremessá-la, um policial efetuou um disparo, atingindo-o na cabeça;
A Polícia Militar acrescentou que a esposa do suspeito e o outro abordado partiram para cima dos policiais, agredindo-os fisicamente e causando arranhões em um dos agentes;
O segundo abordado fugiu sem ser identificado, de acordo com os militares;
Já a esposa de Gabriel afirma que ela e o marido estavam comprando milho foram abordados pelos policiais sem motivo aparente. Gabriel segurava um refrigerante enquanto ela esperava o milho ficar pronto. Segundo ela, um policial a puxou pelo cabelo enquanto outro agrediu o marido.
Ainda segundo a esposa, o policial a colocou no camburão, a xingou e ameaçou. A mulher nega que o marido tenha pegado qualquer pedra para agredir os policiais.
Gabriel chegou a ser socorrido, mas morreu no hospital;
No registro da Polícia Civil, uma adolescente, apontada como testemunha no documento, informou que a vítima fez movimento com a mão como quem vai atirar alguma coisa. Outra testemunha mencionada no boletim de ocorrência disse que a vítima não estava com pedra na mão;
Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, da subseção de Piracicaba, Gustavo Henrique Pires afirmou que vai acompanhar o caso e pretende representar contra a ação da PM;
Ele afirmou que a comissão vê a ação como excesso, mas pondera que é necessária uma investigação maior sobre o caso;
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), os policiais que atuaram na ocorrência não utilizavam câmeras corporais porque o equipamento não está disponível para o efetivo da região;
Em nota, a pasta afirmou que o caso é investigado pela 3ª Delegacia de Homicídios do Departamento Estadual de Investigações Criminais e em inquérito da Polícia Militar;
A instituição acrescentou que “não tolera desvios de conduta ou excessos e ressalta que, se constatadas irregularidades, os envolvidos serão devidamente responsabilizados”;
Gabriel deixa mãe, esposa e dois filhos. O sepultamento está previsto para as 10h desta quinta-feira (3), no Cemitério Municipal da Vila Rezende, em Piracicaba.
Jovem é morto com tiro na cabeça por policial em Piracicaba; OAB cita ‘excesso’ da PM, que fala em resistência
Arquivo pessoal/Reprodução OAB Piracicaba
O que falta saber
Até a última atualização desta reportagem, as polícias Civil e Militar não divulgaram informações sobre o andamento das investigações sobre o caso;
A SSP não informou à reportagem porque os policiais militares da região não possuem câmeras corporais ou previsão de aquisição dos equipamentos para o efetivo;
Imagens obtidas pelo g1, registradas por uma pessoa que estava no local e não quis ser identificada, não mostram o momento da abordagem e a dinâmica da ocorrência até o disparo.
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