Paciente suspeita de chamar enfermeira de ‘negrinha pilantra’ na UPA do Jardim Guanabara é presa em flagrante por racismo


Em audiência de custódia, a Justiça concedeu liberdade provisória à mulher. UPA do Jardim Guanabara, na zona norte, em Presidente Prudente (SP)
TV Fronteira
Uma mulher, de 66 anos, foi presa em flagrante por crime de racismo, na madrugada desta terça-feira (18), na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Jardim Guanabara, na zona norte, em Presidente Prudente (SP).
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Segundo as informações do Boletim de Ocorrência registrado na Delegacia Participativa da Polícia Civil, a suspeita teria chamado uma enfermeira que trabalha no local de “negrinha pilantra”.
Em audiência de custódia, a Justiça decidiu conceder liberdade provisória à envolvida.
Suspeita de dengue
De acordo com o Boletim de Ocorrência, a mulher estava com suspeita de dengue na UPA à espera de atendimento para saber o resultado de exame, quando teria se envolvido em uma confusão com uma enfermeira, de 50 anos, por reclamar da demora na prestação do serviço.
No entanto, ainda conforme o registro policial, uma outra enfermeira, de 31 anos, na tentativa de apaziguar os ânimos, teria sido chamada de “negrinha pilantra”, quando pediu para que a paciente saísse da sala de acesso restrito onde estava.
A versão apresentada pela vítima foi confirmada por duas testemunhas, ou seja, um porteiro, de 35 anos, e a outra enfermeira, de 50 anos.
A idosa negou a ofensa e disse apenas que havia se referido à enfermeira como “moreninha”.
As duas irmãs da paciente, que a acompanhavam no local, também negaram que a mulher tivesse ofendido a vítima.
Policiais militares foram acionados para comparecer à UPA e levaram a idosa à Delegacia Participativa da Polícia Civil, onde ela foi presa em flagrante pelo crime previsto no artigo 2º-A, da lei federal 7.716/89, que define os delitos resultantes de preconceito de raça ou de cor. Em caso de condenação, a pena prevista é de reclusão, de dois a cinco anos, e multa.
Na audiência de custódia, a Justiça decidiu colocar a mulher em liberdade provisória.
Gritaria
Em depoimento prestado à Polícia Civil, a vítima contou que trabalha no pré-atendimento em triagem dos pacientes antes de passarem pela consulta médica na UPA. Ela disse que escutou uma gritaria que vinha da sala ao lado, onde atua outra enfermeira, e foi ao local para saber o que ocorria.
Na sala, estavam a paciente, acompanhada de duas irmãs, e ainda a enfermeira e um porteiro.
Assim que tomou conhecimento de que a paciente reclamava da demora em ser atendida e de que outras pessoas haviam passado à sua frente, na tentativa de apaziguar a situação para voltarem a trabalhar, a vítima disse que explicou à mulher que dois doentes mais graves tinham tido, naquele momento, prioridade no atendimento.
Como a idosa não queria aceitar a explicação, foi-lhe pedido para que voltasse ao rol de espera, já que tanto ela como suas irmãs tinham “invadido” a sala da enfermeira, que se trata de local de acesso restrito a pacientes previamente anunciados.
Nesse instante, segundo o Boletim de Ocorrência, a mulher teria proferido o seguinte xingamento à vítima: “Sua negrinha pilantra”.
‘Moreninha’
Também em depoimento prestado à Polícia Civil, a idosa negou que tivesse ofendido a funcionária da UPA.
Ela relatou que estava com sintomas de dengue e, na segunda-feira (17), no período da tarde, havia passado pela unidade e realizado exame, mas tinha sido liberada por uma médica para aguardar o resultado em casa.
A idosa citou que não estava se sentindo bem e retornou à noite com suas irmãs à UPA, onde realizou a triagem.
A mulher disse que, cansada e passando mal pela demora, foi questionar a funcionária da triagem, quando apareceu outra enfermeira e tiveram uma discussão acerca do tempo de espera.
Ainda segundo o Boletim de Ocorrência, a idosa alegou que “apenas” se referiu à enfermeira como “moreninha” e não como “negrinha pilantra”.
Ciop
O g1 solicitou um posicionamento oficial do Consórcio Intermunicipal do Oeste Paulista (Ciop) sobre o assunto, mas o organismo responsável pela administração da UPA preferiu não se manifestar.
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