O Reino Unido e a União Europeia (UE) firmaram nesta segunda-feira (19) um acordo histórico que amplia a cooperação em segurança e remove parte das barreiras comerciais impostas após o Brexit. O pacto representa um marco na tentativa do primeiro-ministro britânico, Keir Starmer, de “redefinir” a relação com os vizinhos, quase nove anos após o referendo que selou a saída do país do bloco europeu. As informações são do jornal The New York Times.
A iniciativa também responde ao cenário geopolítico atual, em que os EUA sinalizam uma redução no seu compromisso com a segurança europeia. Para Bruxelas, a aliança com o Reino Unido — uma das principais potências militares do continente — tornou-se ainda mais estratégica após a guerra na Ucrânia e mudanças na política externa norte-americana.
“Hoje é um dia histórico”, escreveu o ministro britânico Nick Thomas-Symonds em suas redes sociais. Segundo ele, o novo acordo “é bom para os empregos, reduzirá os custos e fortalecerá as fronteiras”. Ele acrescentoy: “Coloca o Reino Unido de volta no palco mundial, com um governo a serviço dos trabalhadores”.
As negociações, no entanto, foram marcadas por entraves políticos e exigiram meses de discussões intensas. Um dos pontos mais sensíveis envolveu os direitos de pesca: em troca da redução de barreiras para a entrada de alimentos britânicos no mercado europeu, o Reino Unido aceitou estender o acesso de embarcações europeias às suas águas territoriais até 30 de junho de 2038. A concessão foi criticada por tabloides pró-Brexit, que chegaram a chamar a medida de “rendição”.
Outro ponto de destaque é a tentativa britânica de participar do programa europeu de financiamento conjunto de defesa, que prevê empréstimos de até 150 bilhões de euros (R$ 957 bilhões) para compras militares. O governo Starmer vê na aproximação uma oportunidade para reposicionar empresas britânicas no mercado europeu e reforçar seu papel em questões de segurança continental.
O novo pacto contrasta com a postura adotada durante o governo de Boris Johnson, que rejeitou qualquer tratado de segurança com a UE durante as negociações do Brexit. Agora, com o apoio político renovado e o contexto internacional mais instável, o Reino Unido e o bloco sinalizam uma nova fase de cooperação estratégica.
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