Analistas projetam ‘sérias consequências’ caso tropas norte-coreanas lutem na Ucrânia

Com o fim dos combates na região russa de Kursk, cresce a preocupação sobre o próximo destino dos soldados norte-coreanos que, desde dezembro de 2024, vêm atuando ao lado das forças da Rússia. Autoridades ucranianas e analistas internacionais ouvidos pelo site Kyiv Independent alertam para a possibilidade de que essas tropas sejam enviadas diretamente para o território da Ucrânia, o que poderia ter consequências “sérias”.

“Se o Kremlin enviar tropas norte-coreanas para o território da Ucrânia, isso significaria que a Coreia do Norte está em estado de guerra total contra a Ucrânia”, afirmou Oleksandr Merezhko, presidente da comissão de relações exteriores do parlamento ucraniano.

O parlamentar destacou ainda que tal movimento poderia provocar “sérias consequências jurídicas, políticas e militares para a Rússia e a Coreia do Norte”, exigindo uma reação mais firme de países como Coreia do Sul e EUA.

Em cerimônia miitar, Coreia do Norte exibe lançador móvel de mísseis (Foto: KCNA/divulgação)

A presença dos norte-coreanos no conflito foi reconhecida oficialmente apenas nesta semana, embora os combates em Kursk estejam em curso desde o fim de 2024. Segundo o jornal The New York Times, Pyongyang enviou cerca de 14 mil militares, a maioria das forças especiais, para apoiar Moscou, incluindo três mil soldados enviados recentemente para repor perdas em combate.

Para o ex-ministro da Defesa Andriy Zagorodnyuk, a transferência dessas tropas para a linha de frente na Ucrânia é iminente. O deputado Ruslan Gorbenko concordou: “Em 2025, veremos tropas norte-coreanas como unidades separadas no ataque ao território da Ucrânia”. Segundo eles, o treinamento em combate moderno e a adaptação às tecnologias de guerra, como o uso de drones, tornaram essas forças ainda mais perigosas.

A eficácia dos soldados norte-coreanos também foi destacada por Rob Lee, pesquisador do Foreign Policy Research Institute. “Eles são muito fisicamente aptos, muito motivados ideologicamente e aprenderam a adaptar suas táticas a um campo de batalha com drones”, disse. Ele alertou que, se forem empregados em terrenos como florestas ou áreas urbanas, poderão ser ainda mais efetivos do que no campo aberto.

A oficialização da participação norte-coreana na guerra, segundo especialistas, sinaliza que Pyongyang pode estar disposta a ampliar sua atuação e autorizar o envio de soldados para áreas da Ucrânia anexadas pela Rússia.

“Não é uma contribuição decisiva para a guerra, dado o número relativamente pequeno de forças, mas aumenta a vantagem da Rússia em termos de efetivo e pressiona ainda mais a defesa ucraniana”, avaliou John Hardie, da Fundação para a Defesa das Democracias. Segundo ele, a movimentação pode ocorrer “em questão de dias” ou, mais provavelmente, “em algumas semanas”.

Se isso ocorrer, ultrapassando a fronteira russa, o gesto seria classificado como agressão segundo o direito internacional, o que poderia escalar o conflito a níveis globais. “Poderia desencadear a Terceira Guerra Mundial”, alertou Gorbenko.

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