Hospitais da Coreia do Norte passam a cobrar oficialmente por consultas e medicamentos

Em uma mudança silenciosa, mas significativa, hospitais na Coreia do Norte passaram a exibir tabelas de preços para consultas, exames e medicamentos, prática que, embora já ocorresse de maneira informal, agora rompe com a promessa oficial do regime de oferecer saúde gratuita a toda a população. Moradores de duas províncias confirmaram à Radio Free Asia (RFA) que os valores começaram a ser divulgados em fevereiro.

“Recentemente, os hospitais da província mudaram suas placas e começaram a exibir taxas médicas dentro dos prédios”, relatou um morador da província de Hamgyong do Norte, no nordeste do país. “Assim que você entra no hospital, os valores estão afixados de forma bem visível na área de recepção.”

Segundo ele, muitos residentes ficaram “bastante chocados”, já que, mesmo arcando com os remédios há anos, ainda contavam com a consulta médica gratuita.

Bandeira da Coreia do Norte exposta em prédio (Foto: WikiCommons)

A mudança, segundo essa mesma fonte, ocorre num contexto de reformulação institucional. Desde o segundo semestre de 2024, alguns centros de saúde deixaram de ser chamados de “hospitais do povo” e passaram a adotar nomes baseados em distritos e cidades. Paralelamente, os custos de procedimentos começaram a ser exibidos ao público.

Na província de Pyongan do Norte, no oeste do país, outra fonte confirmou os preços dos serviços. O registro e a consulta médica custam 5 mil won (cerca de R$ 3,50) cada. Um exame de raio-X sai por 20 mil won (R$ 14), enquanto um atestado médico custa 50 mil won (R$ 35). Os valores de medicamentos também estão disponíveis: uma aspirina custa 200 won (R$ 0,14), e a penicilina, 8 mil won (R$ 5,60).

Oficialmente, a Constituição norte-coreana e sua Lei de Saúde Pública garantem atendimento médico gratuito. Mas, na prática, a rede hospitalar do país sofre com a falta crônica de infraestrutura, agravada desde a queda da União Soviética e a fome dos anos 1990. Estudos independentes com norte-coreanos refugiados apontam que mais de 80% já pagaram por consultas, medicamentos ou suprimentos médicos.

A mudança de postura parece confirmar o abandono definitivo do sistema universal gratuito. “Assim que você entra no hospital, os valores estão afixados de forma bem visível na área de recepção”, reforçou a fonte da província de Hamgyong do Norte, sob condição de anonimato.

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